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terça-feira, 20 de março de 2012

Blogueiras Feministas-A Arte das Mulheres

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Blogueiras Feministas


A Arte das Mulheres

Posted: 19 Mar 2012 06:30 AM PDT

Este texto foi elaborado por Mariana Krewer, professora de violino e violinista de Porto Alegre, ativista pelos direitos das mulheres, blogueira feminista e participante do Coletivo Feminino Plural.

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Não. Não irei sem grito.

Minha voz nesse dia subirá.
E eu me erguerei também.
Solitária.
Definida.

As portas adormecidas abrirão
passagem para o mundo.

Meus sonhos, meus fantasmas,
meus exércitos derrotados,
sacudirão o exército de convenção
e as máscaras de piedade compungida.

Dispensarei as rosas, as violetas,
os absurdos véus sobre meu rosto.

Serei eu mesma.
Estarei inteira sobre a mesa.
As mãos vazias e crispadas,
os olhos acordados,
a boca vincada
de amargor.

Não. Não irei sem grito.

Abram as portas adormecidas,
levantem as cortinas,
abaixem as vozes
e as máscaras –

que eu vou sair inteira.
Eu mesma. Solitária,
Definida.
“Grito, de Lila Ripoll”

 

Você lembra quantas artistas mulheres você estudou na escola? Quantas escritoras mulheres te foram apresentadas pel@ professor de literatura? De quantas compositoras ou instrumentistas mulheres você sabe o nome?

Para a maioria das pessoas, o papel da mulher na arte é primeiramente o de musa inspiradora. Somos modelos para a tela, somos a paixão do poeta… Há infinitas músicas e poesias louvando a beleza e as características (ditas) femininas, há infinitas telas de nus femininos. Na maioria das vezes, o “mistério” é uma dessas características – a mulher não é um personagem, ela é observada apenas. O interesse está na sua figura, e não na sua identidade.

Em segundo lugar, “cai bem” para a mulher lidar com o corpo e com a imagem, através da performance musical ou teatral, para interpretar a obra de outras pessoas – presumidamente homens. Mas se o trabalho artístico for focado menos na imagem e mais no uso de tecnologia (no caso dos instrumentos) e de “racionalidade” (composição, regência, produção musical), as mulheres têm muito menos apoio – e consequentemente, a quantidade de mulheres nesses meios é muito menor.

O ato de criar, e principalmente de expor suas criações, é visto na nossa cultura como um ato individual, quase egocêntrico, de expressão pública dos sentimentos, sensações e opiniões pessoais do artista. Temos uma visão estereotipada da figura do artista, romanticamente, como uma pessoa excêntrica, de espírito livre, talvez um pouco (ou bastante) perturbada. Essas imagens idealizadas vão totalmente de encontro com o que é valorizado numa mulher pela sociedade, que é a mulher servil, discreta e conformada. Para a sociedade machista, nascemos para servir e não para nos expressar.

Assim, mesmo podendo alcançar o meio público, a consagração e a realização, muitas artistas ainda são avaliadas por muitas outras coisas além de sua arte, julgadas pela sua aparência e vida pessoal. Muitas artistas mulheres ainda são diminuídas, e a arte feminina relegada à categoria de artesanato. Ainda há mais telas de nus femininos nos museus do que obras de artistas mulheres.

Mas felizmente, as mulheres fazem e sempre fizeram muito pela arte, mesmo quando seu acesso ao meio público era limitado, e a sua participação está cada vez mais ativa e igualitária desde o início das lutas feministas.
Mas ainda há muita coisa para ser questionada, e uma parte desse questionamento passa por conhecer, valorizar e divulgar o trabalho das artistas mulheres, aumentando os laços entre essas mulheres e as influências, exemplos e inspirações para as novas gerações de artistas.

Por esse motivo, as Blogueiras Feministas estão apoiando, juntamente com outras entidades de Porto Alegre, a organização de um sarau dedicado a obras de autoras mulheres, que acontecerá na próxima sexta-feira, dia 23, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre.

Mulheres (e homens) de todas as idades recitarão poesia, atuarão, lerão textos e interpretarão músicas de autoria própria e de autoras consagradas, compartilhando a arte feminina e colaborando para a consolidação da identidade da artista mulher, como protagonista e observadora do seu tempo – e não mero objeto de observação.

 

Referência:

GREEN, Lucy. Music, gender, education. 1997

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