Na próxima terça-feira (14), a segunda edição brasileira da campanha internacional Você Pode Resolver Isso? [“Can You Solve This?, no nome original em inglês]” terá como palco o Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CCS/UFRB), em Santo Antônio de Jesus (BA). O intuito é mobilizar a população baiana em defesa dos estudantes impedidos de acessarem às universidades no Irã por expressarem suas convicções sociais,políticas ou religiosas.
A primeira versão foi sediada na Universidade de Brasília (UnB) em novembro do ano passado. A expectativa é que nesse ano de 2012 a iniciativa seja realizada nacionalmente em outras 13 cidades: Goiânia (GO), Uberlândia (MG), Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Petrópolis (RJ), Vitória (ES), Dourados (MS), Tangará da Serra (MT), Curitiba (PR), Americana (SP), São Carlos (SP), Santo André (SP) e São Paulo capital.
Na Bahia, o manifesto ocorrerá na entrada do pavilhão de aulas do CCS, das 9 às 16 horas. A iniciativa é de estudantes que estão cursando a disciplina optativa “Humanização e Ética em Liderança”, como prática de um “ato de serviço” - uma ação social em prol da melhoria do mundo. Eles acreditam sobretudo que “a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”, conforme declarou Martin Luther King, um dos principais líderes do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo.
Durante a campanha, os interessados terão a oportunidade de assinar uma petição eletrônica destinadas a representantes do governo brasileiro e das Nações Unidas solicitando que tomem ações para reverter a situação dos jovens iranianos banidos da educação superior. As cartas em protesto desta situação podem ser acessadas em: http://can-you-solve-this.org/br
Professores, funcionários e estudantes poderão também assistir a vídeos e apresentações, além de ter acesso a uma exposição de painéis que retratam as violações de direitos humanos contra os bahá'ís no Irã.
Para mais informações sobre a campanha na Bahia entre em contato com o professor Dr. Feizi M. Milani, Docente do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (CCS/UFRB), pelo telefone: (71) 8793-2939. “A iniciativa partiu dos próprios alunos, que se sensibilizaram com as informações que receberam sobre o caso dos estudantes iranianos”, disse ele.
Perseguidos por suas crenças
Desde a Revolução Islâmica em 1979, os 300 mil seguidores da Fé Bahá'í no Irã – a maior religião minoritária no país – estão sob alvo de frequente perseguição religiosa por parte do governo. Entre as diversas facetas desta perseguição está a negativa de acesso à educação – um direito internacionalmente reconhecido há mais de 60 anos, e cujo respeito é dever de todos os países signatários dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos, inclusive o Irã.
A política de estrangulamento da comunidade bahá'í iraniana está descrita num documento oficial revelado pelas Nações Unidas em 1991, conhecido como Memorando Golpaygani. O documento, assinado pelo Líder Supremo, Aiatolá Khamenei, diz que “[os bahá'ís] devem ser expulsos das universidades, seja durante o processo de admissão ou durante o curso de seus estudos, assim que se souber que são bahá'ís”.
Como forma de oferecer uma alternativa a esses jovens, um grupo de professores voluntários que havia sido impedido de lecionar nas universidades também por sua crença na Fé Bahá'í, passou a oferecer, na década de 1980, aulas de nível superior em suas casas. Esta iniciativa ficou conhecida como o Instituição Bahá’í de Educação Superior (BIHE), tendo ganhado prestígio e respeito internacional que garantem a seus egressos vagas em cursos de pós-graduação em vários países, como Estados Unidos, Austrália e Inglaterra.
As autoridades iranianas fizeram várias tentativas de impedir o andamento das aulas oferecidas pelo BIHE nas décadas seguintes. Em maio de 2011, numa série de buscas em casas de bahá'ís, vários de seus colaboradores e professores foram detidos, e materiais de estudo e de uso pessoal foram confiscados. Em seguida, em entrevistas concedidas à mídia controlada pelo Estado, as autoridades iranianas declararam que o BIHE seria uma iniciativa “ilegal”.
Após quase cinco meses de detenção, no dia 18 de outubro de 2011, sete professores bahá’ís receberam condenação de quatro e cinco anos de prisão, acusados de “atos contra o Regime”. Seus nomes são Vahid Mahmoudi, Kamran Mortezaie, Ramin Zibaie, Mahmoud Badavam, Farhad Sedghi, Riaz Sobhani e Nooshin Khadem. O julgamento ocorreu sem a presença do principal advogado de defesa, Abdolfattah Soltani, que fora preso poucos dias por sua atuação em prol de defensores de direitos humanos.
Para saber mais sobre a campanha Você Pode Resolver Isso? no Brasil, acesse www.can-yo-solve-this.org/br ou escaneie a imagem ao lado com o seu celular.
Se você deseja apoiar uma edição da campanha em sua escola ou faculdade, entre em contato com a Secretaria Nacional de Ações com a Sociedade e o Governo da Comunidade Bahá'í do Brasil – SASG pelo endereço eletrônico sasg@bahai.org.br.
atom
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