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Há um claro aviso no vento que refresca, nas primeiras gotas de chuva, no céu menos azul, na noite sem lua em que reina Vénus brilhante e solitário.
Anuncia-se o fim do Verão e o Equinócio de Outono. Gaia deu os seus frutos, colhidos e guardados.
A Grande Mãe alimentou os seus filhos e guarda ciosamente as sementes de novas colheitas.
As nozes e a cidra exaltam o paladar, a mirra arde sobre o lápis-lázuli enchendo o ar dos tons dourados da bênção.
Sob as pontes correm, rumorosas as águas cheias. No ar os pássaros preparam-se para partir.
É tempo de guardar e agradecer, a beleza da primavera, a abundância do verão, o repouso do inverno.
É hora de ser grata pela sementeira mesmo que a colheita tenha sido menos que o desejado mas ainda assim mais do que o necessário.
Grata
Pelas lágrimas de chuva no rosto.
Pelos sorrisos do sol no coração.
Pelos caminhos tortuosos da alma.
Pelas águas calmas depois da tempestade.
Grata pela vida que a Vida contém.
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