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sábado, 7 de julho de 2012

POEMA TRANSITÓRIO

POEMA TRANSITÓRIO:



Eu que nasci na Era da Fumaça: - trenzinho

vagaroso com vagarosas

paradas

em cada estaçãozinha pobre

para comprar

pastéis

pés de moleque

sonhos

- principalmente sonhos!

porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar:

elas suspirando maravilhosas viagens

e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando

sempre... nisto,

o apito da locomotiva

e o trem se afastando

e o trem arquejando

é preciso partir

é preciso chegar

é preciso partir é preciso chegar... Ah, como essa vida é urgente!

... no entanto

eu gostava era mesmo de partir...

e – até hoje – quando embarco

para alguma parte

acomodo-me no meu lugar

fecho os olhos e sonho:

viajar, viajar

mas para parte nenhuma...

viajar indefinidamente...

como uma nave espacial perdida entre as estrelas.





Mario Quintana

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