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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Carta Aberta ao Movimento "São Paulo para os Paulistas"


Acesse o link: http://champ-vinyl.blogspot.com/2010/08/carta-aberta-ao-movimento-sao-paulo-para-os-
Paulistas e no Texto iniciar clik para ver o autor .

Qualquer movimento que induza a atitudes propostas, e estimulem a discriminação
ão pre-conceitos ou até estimulem  a um racismo cultural/social,devem ser abominadas. O autor deste artigo, explora de maneira contundente o tal do Movimento!

"Ò filhos dos Homens! 
Não sabeis por que vos criamos a todos do mesmo pó? A fim de que ninguém se enaltecesse acima dos outros..."  Bahá'u'lláh -Palavras Ocultas

Uma Carta de protesto pelo movimento anti-nordestino em São Paulo-Capital

Carta Aberta ao Movimento "São Paulo para os Paulistas": "Caros: Sou paulista. Nasci e moro em São Paulo. E, assim como vocês, sou contrário à inclusão da matéria “Cultura Nordestina” na grade escolar estadual paulista. Mas, antes que vocês me alistem em suas fileiras, deixe-me avisar que também seria contra a criação de uma matéria “Cultura Paulista” nas escolas de São Paulo, caso isso fosse proposto. Porque a perda de tempo seria a mesma. Afinal, dada a péssima qualidade da educação pública, creio que seria extremamente mais benéfico promover melhorias no ensino como um todo, e não gastar recursos, tempo e energia com a criação de um curso com pouquíssima aplicação prática. “Cultura Nordestina” e “Cultura Paulista”, na grade escolar, teriam a mesma importância que “Cultura da Polinésia” ou “História do Basquete Húngaro”. Contudo, fuçando aqui e aqui, descobri que este tema (a inclusão da matéria “Cultura Nordestina” na grade escolar) gerou a elaboração de uma petição online, redigida por uma Fabiana Pereira, que visa “propor formas de encarar o problema da migração”. Cabe dizer aqui que procurei o sobrenome dela pelo site inteiro do movimento e não o encontrei – mas como a primeira assinatura da petição é de uma “Fabiana Pereira”, acredito que seja a mesma pessoa. Mas é interessante isso que vocês propõem. “O problema da migração”. Li a petição com calma. Vocês defendem que a origem de todos, absolutamente todos os problemas de São Paulo está na presença dos nordestinos na cidade. Os altos índices de crime, a superlotação dos hospitais, o trânsito – tudo está relacionado à migração nordestina. Ou seja, o problema não é a migração em si, mas a migração dos nordestinos. E a petição nem tenta esconder isso, ao citar, no primeiro parágrafo, que tudo isso está “relacionado à migração nordestina que a nossa terra sofreu nos últimos tempos”. Deixe-me ver se entendi: de acordo com vocês, o problema não é alguém morar em São Paulo sem ter nascido aqui, mas sim ser nordestino e morar em São Paulo? É isso? Então, uma dúvida: se alguém nascer no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina ou Goiás e vier morar numa favela na cidade de São Paulo, sem emprego algum, bebendo o dia inteiro e roubando, será muito bem vindo aqui? Ah, entendi. Então o problema de vocês não é a migração, mas sim a migração de um povo específico. É a migração dos nordestinos. Mas claro que a petição, logo de cara, já se defende das acusações de racismo e preconceito. De acordo com o texto redigido pela Fabiana, “pré-conceito é um conceito prévio sobre alguém ou um grupo de pessoas. Caracteriza-se por serem SEM MOTIVOS as impressões e declarações sobre os mesmos. Basta então olhar a veracidade das afirmações feitas. Se são verdadeiras, não existe preconceitos.” Ok. Então vamos olhar as tais “afirmações feitas”, e ver se elas possuem alguma veracidade. As palavras nordestino(s) e nordestina(s) aparecem quinze vezes no texto. Selecionei algumas aqui: 1) “São Vicente tem desde a década de 70 a maior favela do estado (Mexico 70) composta quase que unicamente por nordestinos”. 2) “A grande maioria das confusões diárias, agressões, atendimentos hospitalares, emergências, ocorrências, brigas, deslocamentos policiais, está relacionada a pessoas de origem nordestina”. 3) 'Cubatão tem 89% da população de origem nordestina.' Vocês podem me dizer onde estes dados foram coletados? Quais as fontes disso tudo? Qual a porcentagem de nordestinos entre os moradores da favela México 70? Quantos deslocamentos policiais são realizados por dia? Qual o local de nascimento destes 11% residentes de Cubatão que não nasceram no Nordeste? Não, não podem. Vocês simplesmente não têm como provar isso. Na verdade, acredito que a Fabiana nem se preocupou com isso. Apenas tentou escrever que “São Vicente tem desde a década de 70 a maior favela do estado (Mexico 70), e só tem baiano lá dentro” de uma forma um pouco mais erudita. E não venha dizer que não é essa a idéia, porque é exatamente isso que vocês querem passar: “A vida em São Paulo está uma bosta porque só tem baiano aqui dentro.” As semelhanças com o nazismo, ou com qualquer outra forma de fascismo, chegam a doer de tão óbvias. O texto se opõe à violência e deseja revisões nas leis, fazendo com que elas dêem privilégios aos paulistas (os verdadeiros donos da terra) e uma redistribuição de renda nacional, de forma que São Paulo fique com a maior parte do que produz. E, claro, a valorização da verdadeira cultura paulista. Ou seja, nada de violência. Apenas uma revisão nas leis. Preservação da cultura. Mais nada. Da mesma forma que o Partido Nazista, antes de promover o Holocausto, chegou ao poder na Alemanha utilizando os mesmos recursos, aproveitando a crise econômica do país para criar uma política que atacava “os inimigos do povo alemão”. Ah, e dentro da sua máquina de propaganda, estavam também eventos que promoviam a “verdadeira cultura alemã”. Mas claro que, da forma mais previsível possível, o texto da petição deixa claro, logo de cara, que a proposta é diferente. Aliás, deixe-me dar uma dica para vocês: quando uma pessoa já abre seu discurso insistindo no fato de não ser nazista, antes mesmo de apresentar suas idéias, é porque a probabilidade desta pessoa ser nazista é altíssima. Desculpe o baixo calão, mas é a mesma história da pessoa que grita “não fui eu quem peidei!” antes mesmo de alguém reclamar do cheiro. Mas o meu baixo calão (novamente, me desculpe por isso) se encaixa perfeitamente neste texto. Com todo respeito, sua petição fede à merda. Tanto em forma quanto em conteúdo. Vocês não têm como provar os fatos que apresentam. Bem, eu tenho. No site da petição, está escrito que nos comentários “não são permitidas expressões ofensivas, racismo, nazismo, baixo calão, nomes de candidatos, ou qualquer ação ilegal.”. E existem, realmente, comentários que foram rejeitados. Ou seja, todos os comentários publicados foram aprovados pela moderação – e teoricamente, estão de acordo com o que vocês propõem e desejam. Olhei um por um, com calma. E não vou humilhar vocês abordando os comentários do tipo “São Paulo Rules” ou “É noiz” que vi entre as assinaturas. Creio que isso seja um problema interno de vocês, provavelmente uma falha na sua racinha superior. Entre as pérolas, estão “Paulistas ás (sic) armas”, assinado por Wesley (assinatura 344). Mais para frente, o Rogério (635) colocou o mesmo texto, apenas corrigindo a crase. Já a Márcia Augusto (557) avisa: “Saberemos que essa não será uma luta fácil (...) haverá também os futuros rótulos que a camara (sic) nos dará. Afinal, a peste está em maioria...”. Por fim, aquele que talvez seja o mais emblemático: “Temos que criar um movimento, sem violência (mas se precisar, paulista nada teme) mas com passeatas, campanhas,defendendo os direitos de nós PAULISTAS, com o nome por exemplo de R.A.P(revolta armada paulista) ou R.P (revolta paulista) (...)”, do Nilo Marques (229). Armas? Peste? Revolta Armada (mas, claro, sem violência)? Ou seja, dependendo de vocês, em poucos meses o estado teria campos de concentração e os nordestinos seriam obrigados a se identificarem nas ruas usando braçadeiras, provavelmente com uma sanfona ou um chapéu de cangaceiro. Porque, se vocês parassem de ler um pouco sobre a Revolução de 32 no Wikipedia, e se interessassem por outros assuntos, veriam que não existe nenhuma ou quase nenhuma diferença entre a forma que vocês enxergam a presença de nordestinos em São Paulo e o modo que o Partido Nazista alemão encarava a presença dos judeus em seu país. Minto. Existe sim. Ao contrário do Partido Nazista, que conseguiu unir um povo inteiro (se para o bem ou para mal, não importa neste meu argumento), a incompetência de vocês é latente. A petição conquistou, em meses, pouco mais de 700 assinaturas. 700 pessoas. Isso, num estado com uma população superior a 41 milhões. Só na minha rua, que nem é exatamente grande (tem quatro quadras), devem existir mais pessoas que isso. Mesmo assim vocês não desistem. A idéia agora é organizar o Movimento Juventude Paulistana. Aliás, um parênteses: vocês poderiam se decidir, de uma vez por todas, se vocês estão falando do estado de São Paulo ou da cidade de São Paulo? Porque a cada hora vocês se referem a um deles, e a impressão que tive é que o nome Juventude Paulista não foi usado apenas porque rima com Juventude Hitlerista. O interessante é que a cada passo, vocês se atrapalham ainda mais. E, desculpem derrubar seu castelinho de cartas. Aliás, vocês mesmos desmentem o seu manifesto. Lá, vocês dizem que todos os problemas de São Paulo são decorrentes da migração nordestina. Mas, infelizmente (para vocês), nenhum nordestino tem culpa no fato de vocês serem absurdamente burros. E a burrice fica mais clara ainda, nesta entrevista de William Godoy Navarro, de 22 anos, ao portal Terra. Antes, vale ressaltar que Navarro foi escolhido pelo grupo para ser o porta-voz da iniciativa, já que ele possui um discurso “mais moderado”. Ou seja, a preocupação em não soar nazista é evidente – provavelmente, a Fabiana começaria todas suas respostas gritando “Sieg Heil” e exigiria ser chamada de Führer pela jornalista. Mas vamos deixar de lado o caráter nazi-fascista da coisa e nos concentrarmos na boçalidade das respostas, que são de um primor poucas vezes visto. Logo na segunda reposta, Navarro deixa claro que não apóia a petição. Vejam: ele não apóia justamente o texto que está representando. Ou seja, desta forma, creio que poderiam colocar qualquer pessoa – incluindo um nordestino – para conceder a entrevista. A determinação de vocês em se mostrarem imbecis prossegue nas respostas de Navarro, esbanjando contradições (“existe um movimento separatista, que é o MRSP, Movimento República de São Paulo, mas a gente não faz parte. A gente apoia o MRSP, mas não apoia a ideia de separar São Paulo do Brasil') e covardia (“a Fabiana foi muito ousada, colocou palavras bastante fortes nesse manifesto. Por isso que vamos mudá-lo'). A idéia de Navarro é organizar um protesto na ponte Estaiada. “A gente vai fazer alguma coisa na ponte estaiada. Uma faixa, uma mobilização que chame a atenção dos principais veículos de comunicação de São Paulo.” Ou seja, aparentemente vocês se preocupam tanto com os nordestinos perturbando a ordem, que não encontraram tempo para pesquisarem o fato de que a colocação de faixas (seja ela por baianos, amazonenses, capixabas ou – pasmem! – até mesmo paulistas), é proibida pela prefeitura de São Paulo. A cereja do bolo, contudo, surge quando a jornalista pergunta: “No manifesto, vocês dizem que os 'migrantes não construíram São Paulo por serem alocados na construção civil. Seja desmentida tal falácia'. Você acha que isso é realmente uma falácia?”. A resposta de Navarro faz qualquer cidadão que lutou na Revolução de 32 corar de vergonha: - Essa parte do manifesto não li. Ponto para os nordestinos. Então, uma última dica: antes de ficarem repetindo clichês típicos de meninos de 12 anos que ficam trancados dentro de palacetes, observando o mundo da janela sem jamais pisar nele, aprendam a pensar por conta própria. Não, isso já seria pedir demais. Aprendam ao menos a pensar, isso já seria um grande avanço. Porque, ao invés de ficarem repetindo “Non Ducor, Duco” (para quem não sabe, é a frase escrita no brasão da cidade de São Paulo, e significa “não sou conduzido, conduzo”) a torto e a direito, lembrem-se que, caso você decida “conduzir”, é razoavelmente importante saber para onde conduzir. E vocês, aparentemente, não pararam, em momento algum, para pensar nisso. Por fim, caso um dia vocês sejam vitoriosos, conquistem o poder, a versão do Minha Luta assinada pela Fabiana seja vendido em todas as livrarias e a matéria “Cultura Paulista” seja inserida na grade escolar, não se esqueçam de ensinarem aos seus alunos que os Bandeirantes eram, antes de tudo, bandidos que assassinavam, estupravam e escravizavam índios, além de roubarem recursos minerais – muitas vezes em regiões onde hoje estão outros estados. E que isto é uma boa (senão a maior) parte da riqueza que serviu como base para o crescimento inicial de São Paulo. Seria a primeira informação realmente verdadeira que viria de vocês. Passar bem. PS – O segundo item de seu manifestozinho informa que “Proibir a livre manifestação do pensamento é pretender a proibição do pensamento e obter a unanimidade autoritária, arbitrária e irreal”. Sendo assim, obrigado por me concederem o direito a redigir esta carta.
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